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A MÁSCARA NEUTRA

A máscara neutra como exercício de fortalecimento físico do corpo e da expressão física do palhaço.

Jacques Lecoq trabalha a máscara neutra como base para atores e sua construção. Olhando pra essa pratica e possibilidade de neutralização da máscara, comecei a estudar as possibilidades perante a missão de expressão do palhaço que é físico na maior parte de sua atuação ou evolução interventiva.

A Máscara e o Físico

Como palhaço, sempre fui desafiado a falar com corpo. Apesar de ter como joia a palavra de Deus, até mostrar a joia, o corpo seria um caminho ilustrativo para que o verdadeiro valor da joia fique bem claro. As técnicas mais comuns utilizadas são as da mímica e da pantomima, porém a expressão facial ainda acoplada as duas técnicas, limita o corpo na sua busca de uma verdade mais profunda na hora de ilustrar principalmente, sentimentos. A plasticidade da dança é um exemplo bom pra perceber como pode ser fundamental um mergulho mais profundo no físico. A dança profética tem como uma de suas missões mostrar com o corpo em movimento o sentimento descrito na letra do louvor. A eficiência dessa forma de louvor tem muito a ver com a profundidade do ministro na busca técnica por movimentos que ilustrem os sentimentos sempre descritos nos louvores. Sendo assim o ato da dança é um cenário em movimento vivido fisicamente e simultaneamente a execução do louvor. Aos olhos de quem assiste, é uma composição que trás a possibilidade de ver o que escuta e escutar o que ver. Fala e ação, ação e fala.

A Máscara e a Alma

Minha primeira experiência com a máscara e o ministério foi logo assim que fui chamado a fazer da arte um caminho evangelístico. O projeto Samurai foi à primeira oportunidade que Deus me deu de levar a palavra até aqueles que a esperavam ansiosamente. Um personagem meio garçom meio samurai, com uma bandeja e três panelas em cima dela e uma máscara branca, neutra. Assim andei nas ruas de Madureira, subúrbio do RJ. A missão era simples, servir palavras frutos dos meus devocionais na semana. Poderia falar muito sobre essa experiência que apesar de ter dito ser simples, foi complexo em sua essência e seu objetivo divino. Mas tenho que me manter no foco do nosso trabalho que é a máscara. A máscara era sem duvidas o que mais trazia agonia pra quem se deparava com a figura nas ruas. Em um momento em que todos querem likes e reconhecimento. Ser colocado atrás de uma máscara que isola o que você parece e revela o que você sente, foi o grande desafio inicial. Acredito que fui tratado no profundo de minhas neuras e complexos de inferioridades. Eu queria ser grande por que fui pequeno. Queria ser visto porque fui invisível. Queria ser reconhecido porque parecia que nunca poderia ser. Queria ser importante porque não entendia como era. E aí vem Deus e diz:

“Põe a máscara porque quero separação entre o homem e a missão.”

 

Isso foi chocante me vi diante de uma poda, mas que logo virou aula e depois a grande oportunidade da minha vida. Ser instrumento livre nas mãos de Deus era tudo que nenhum herói poderia ser. Eu comecei a entender e gostar da neutralidade da máscara que protegia a essência da missão e me impedia de atrapalhar. Eu e meu olhar, expressão facial seriam um desastre que não ilustraria o momento de Deus com quem pegasse a palavra. Eu não estava apto a ser cenário daquele momento. A neutralidade não apenas me impedia de com minha feição desconexa e limitada sobre o que Deus estava fazendo atrapalhasse o alvo de seu amor, mas também me curava da altivez, da forma superficial de agir com as coisas dele, de deixar meus complexos guiarem minhas relações e de não representar todo amor envolvido naquele momento.

“Somos arte nas mãos de Deus.

E como artistas não podemos ignorar, que é arte em nós que será avaliada pelo alvo.”

 

A Máscara e o Ministro

Como disse no tópico acima, a máscara se revelou curadora. Muito de minhas mazelas psicossociais pessoais foram sendo reveladas e tratadas. Meu caráter ministerial e compromisso com a verdade de Deus ficou fortalecido e o desejo de fazer a vontade dele se tornou o único caminho pra viver o ministério e aquilo que é bom perfeito e agradável da parte dele.

 

A máscara neutra virou um exercício diário e mesmo sem a mascar a neutralidade de servo se tornou uma prática que manteve o temor de fazer outra coisa que não fosse a vontade de deus, algo fora de questão.

A neutralidade me fez aprender a viver com os momentos de humanidade sem questionar o porque Deus me chama ao servir quando me sinto incapaz de representa-lo. Quantos ministros dão a desculpa de seu momento humano pra deixar de atender a Deus? Quantas vezes você deixou de ser benção por que esqueceu que é pecador? Ou porque está esperando ser santo como só você espera que possa ser, mas não perguntou a Deus se consegue e se tem que deixar de ser o que é nele até conseguir? E as vezes que tentando ser diferente do que foi criado pra ser, atendeu a demanda de outro homem que julga saber como você tem que ser, mesmo sem te perguntar se deus te diz o mesmo?

A neutralidade me fez buscar a Deus e sua vontade e se ele me revela ela, nada pode ser maior que isso.

 

Essas três considerações sobre esse estudo da máscara neutra como ampliação ministerial é o começo de mais coisas que temos ganho de Deus. Reflita, ore e permita-se ser levado além pelo Espírito do senhor.

Rogério Rodrigues

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